Chego a casa e abro a veneziana da sala
reparo que não combina bem com o tapete e isso incomoda-me
cria-me um aperto no peito que se instala e não me larga
Abro as portadas da janela
Descalço-me
(estranhamente, sinto-me um pouco mais criança)
Trepo para a janela e consumo um cigarro
O fumo alstra-se pelo ar e sobe
Sobe com ele a minha mente
que larga em debandada por um qualquer mundo que deixei de conhecer
não encontro nada que me permita identificar onde estou
nem um ponto de referência
e agora sou eu que sou ar e me esfumaço por entre as nuvens e circulo livre...
Ah, que sensação de leveza! Não sou de ninguém e não me importo,
Não há planos ou regras...
E eis que chega a electricidade!
E corro e pulo e salto e vivencio e sou feliz e sorrio e e ...
Estou à janela e a cinza do cigarro cai-me no colo.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
"I'd like to marry all of my close friends,
And live in a big house together by an angry sea.
Am I the devil's marbles don't move on without me
Who will be watching my body when I sleep?
Who will I believe in? "
O passo apressa-se ao caminhar
pelo etéreo jardim da Regaleira
e há uma mistura de sensações.
Fecho os olhos e já não é dia
é a lua que me enfrenta o olhar agora
Grande, amarela, ligeiramente dentada, mas ainda tão altiva
Chega-me o cheiro a endro que penetrou no salmão de ontem (lembraste?)
tornando-o mais doce, mais carinhoso, mais leve e fresco
E já não sei se é o vento ou o teu braço que me enlaçam pela cintura
levam-me para longe (tão, tão longe)
e há flores que se entrelaçam no meu cabelo tecendo tranças de doçura infinita
e são douradas as raízes que me envolvem os pés
e sou eu que sou uma árvore frondosa
("festina lente")
(olha que engraçado o vasito com o Dionísio e o Apolo)
(olha ali, tantos caracois - e os escargots que se chamavam lesmaçons?)
(e o D. Fuas na capela?)
(e o estilo manuelino patente em todo o lado?)
(e que bem que ficavam estas portas na minha sala de jantar)
(ai, mas que divinais desenhos os deste rapazito, o Magnini - parece que viveu uns tempitos à pala do Carvalho Monteiro, o magano)
e tu que continuas sem nunca estar
(vou buscar a receita da tarte de maçã)
And live in a big house together by an angry sea.
Am I the devil's marbles don't move on without me
Who will be watching my body when I sleep?
Who will I believe in? "
O passo apressa-se ao caminhar
pelo etéreo jardim da Regaleira
e há uma mistura de sensações.
Fecho os olhos e já não é dia
é a lua que me enfrenta o olhar agora
Grande, amarela, ligeiramente dentada, mas ainda tão altiva
Chega-me o cheiro a endro que penetrou no salmão de ontem (lembraste?)
tornando-o mais doce, mais carinhoso, mais leve e fresco
E já não sei se é o vento ou o teu braço que me enlaçam pela cintura
levam-me para longe (tão, tão longe)
e há flores que se entrelaçam no meu cabelo tecendo tranças de doçura infinita
e são douradas as raízes que me envolvem os pés
e sou eu que sou uma árvore frondosa
("festina lente")
(olha que engraçado o vasito com o Dionísio e o Apolo)
(olha ali, tantos caracois - e os escargots que se chamavam lesmaçons?)
(e o D. Fuas na capela?)
(e o estilo manuelino patente em todo o lado?)
(e que bem que ficavam estas portas na minha sala de jantar)
(ai, mas que divinais desenhos os deste rapazito, o Magnini - parece que viveu uns tempitos à pala do Carvalho Monteiro, o magano)
e tu que continuas sem nunca estar
(vou buscar a receita da tarte de maçã)
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Deambulando pelas ruas de Paris, não pude deixar de pensar o quanto me fui diluindo nas pessoas que fui conhecendo (Gare de L'Est), de certa forma, (Boulevard Strasbourg) fui perdendo a essência de mim, imiscuindo-me de outros (metro de Chateau d'Eau). Trouxe-me tanto e tirou-me mais (oh, é a Rue des Lombards). Como uma aranha (Chatelet, é Chatelet lá ao fundo?) fui tecendo o que era meu e misturando-o com o que me rodeava. Vermelho (Pont Neuf), branco, azul, laranja(oops, era a Pont des Artistes), violeta, violeta, violeta. Hematoma. Carne. Mais vemelho. Negro. Não me encontro. Game over (wrong way again).
She's lost control - Joy Division
Perco-me nas palavras que te expressam
e apetece-me expremer-te a alma
chegar lá sem que me comas o corpo
Agora é só meu
Ninguém mo tira, ninguém
lhe toca
A sinceridade das vontades
denuncia-se na alteração
dos silêncios que se abandonam,
quando tal se considera necessário.
A carne rasga-se mas todas as defesas se mantêm.
Imprimo-te hematomas, na esperança
de te impregnar na pele o meu sentimento.
Mas já és tão meu,
a forma como te abandonas
nos meus braços denuncia-te.
Mas foges, foges tanto.
E eu já não te encontro.
e apetece-me expremer-te a alma
chegar lá sem que me comas o corpo
Agora é só meu
Ninguém mo tira, ninguém
lhe toca
A sinceridade das vontades
denuncia-se na alteração
dos silêncios que se abandonam,
quando tal se considera necessário.
A carne rasga-se mas todas as defesas se mantêm.
Imprimo-te hematomas, na esperança
de te impregnar na pele o meu sentimento.
Mas já és tão meu,
a forma como te abandonas
nos meus braços denuncia-te.
Mas foges, foges tanto.
E eu já não te encontro.
Je t'aime.
Que vazias palavras já
tão desprovidas de sentido,
repetidas até ao infinito,
Seine acima e abaixo,
ponte atrás de ponte
em cada ridículo recanto pseudo-romântico
Life imitates art.
E todos os dias
no canal de St Martin
circulam os casais
carregando o seu ar
I don't care
que já no escuro, ao som
de 'Delicate' se atiram contra as paredes
para invocar uma paixão
que constroem entre os pequenos
instantes que o trabalho (árduo)
não lhes ocupa.
Que vazias palavras já
tão desprovidas de sentido,
repetidas até ao infinito,
Seine acima e abaixo,
ponte atrás de ponte
em cada ridículo recanto pseudo-romântico
Life imitates art.
E todos os dias
no canal de St Martin
circulam os casais
carregando o seu ar
I don't care
que já no escuro, ao som
de 'Delicate' se atiram contra as paredes
para invocar uma paixão
que constroem entre os pequenos
instantes que o trabalho (árduo)
não lhes ocupa.
The future undetected...
Not a fcking clue!
E a náusea
que me atravessa o espírito
leva-me outra vez
ao teu corpo
tantas vezes
desprezado
(and the music),
que se arrasta pela casa
apesar da sua aparência
tão leve, tão etérea, tão sublime, tão minha.
E os sentimentos violeta
apoderam-se do ecrã de TV,
que absorve a minha e a tua
atenção, como pequeninos cometas
que passam sem
sentir, violar, tratar ou magoar.
Pff, que merda somos.
Not a fcking clue!
E a náusea
que me atravessa o espírito
leva-me outra vez
ao teu corpo
tantas vezes
desprezado
(and the music),
que se arrasta pela casa
apesar da sua aparência
tão leve, tão etérea, tão sublime, tão minha.
E os sentimentos violeta
apoderam-se do ecrã de TV,
que absorve a minha e a tua
atenção, como pequeninos cometas
que passam sem
sentir, violar, tratar ou magoar.
Pff, que merda somos.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
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