domingo, 3 de outubro de 2010

Encostei-me ao parapeito
neste dia de chuva intensa
debrucei-me mais um pouco
e acendi o cigarro
Obriguei o meu olhar a descer à terra
e encontrei a Praça da Alegria
(curioso nome o deste local)
Havia a meio do jardim, um senhor sentado
numa chaise longue de veludo vermelho
a ler o jornal.
Ladeava-o um bêbado
(desses de boné na cabeça que fumam o cigarro
com a mesma sofreguidão com que desperdiçam a vida)
que constantemente lhe exigia a atenção
que diligente e arrogantemente lhe era negada
mais à esquerda circulava um casal de namorados
que se olhavam ou falavam
trôpegos, perdidos na energia do sentir,
sem paciência para a ridícula realidade que os circundava.
E no meio, uma menina princesa de vestido chocolate respira furiosamente porque nada vai ficar bem. Que cansaço tão profundo. A ausência de forças.
Fim da história. O cigarro acabou.

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